
Me lembro bem, sei que estou em meu ninho solo:
sempre foi o meu lugar. Sei que repousei meu corpo
entregando-o ao recesso do dia cansativo. Mas
produtivo!
Quando meus olhos cerraram, nem isso eu vi
- e nunca vejo - porque meus olhar sempre se vai
primeiro. Mas juro que eu estive onde, ano após ano
sempre estive. Lugar que vez por outra, o corpo tem
que gritar baixinho (sozinho). E então a grande
surpresa: despertei em outro canto do mundo, com um sorriso oposto ao do meu espelho. Mas como? O que? Por que? Nada sei sobre esta noite. Nada houve de
etílico nela...
Então como? A inexistência das vestes, a paz com o qual me fitava, o braço que me
envolvia... Tudo era perfeição.
Perfeição: era isso!
Não existe perfeição nesse mundo. Fora transportada a outro. Fora perfeitamente amada em outro plano... isso foi magnífico, belo. Foi perfeito. Então, meu
corpo descansava lá e minha alma em repouso do amor, cá. Enfim, tudo o que percebo é que minha chegada foi pacientemente aguardada e docemente recebida.
Não há mais perguntas, encontrei-lhe. Há certezas agora.
Comunhão com paz e amor: sei agora que você existe.
E aqui, acordei. Novo sono e reconheci as cores, sons e
cheiros de sempre.
Mas dessa vez meu sorriso
despertou primeiro, porque como em meus sonhos
bonitos, eu sabia que voltaria a acordar muito
distante de onde meu corpo adormece.
Mah