
Sabe quando você tem a plena certeza de que você não faz diferença alguma? Que a vida continuaria seu curso bom ou ruim, independente de você existir ou não? Você olha em volta, todos conversando animadamente entre si, mas nem aí para o que você diz. Se você entrou ou saiu da rodinha de conversa, nem perceberam. Se serão felizes ou não, assim o serão sem você. Você é um inútil, não querido, não esperado, um total desimportante. E aí você insiste em andar pra frente simplesmente por força do hábito e absoluta falta de iniciativa de encerrar de vez tudo por ali mesmo. Nem é por respeito à Deus, é por acomodação mesmo. Por medo da solidão se concretizar definitivamente em sua vida, você se deixa, acha que assim, sem ser amada, desejada, querida, mesmo sem presterem atenção no que você sente, diz ou omite, deixa seguir. Tem medo de ficar imortal numa escuridão eterna..Só isso, porque nada se alterará, falta não fará, dor rapidamente esquecida. A certeza de que sua existência foi uma sucessão de erros. Alegria? A de que existe felicidade no outro. De que existe beleza e inteligência. De que existem muitos amados por aí. Sim, sinto inveja do que nunca ganho. Inveja não deveria ser pecado, a dor sim, a solidão que a gerou é que deveria ser pagã. Dá para querer desistir, desanimar. Dá para achar que não haverá mais nada além disso, mesmo querendo mais.
Mah